domingo, 19 de dezembro de 2010

Casado com bipolar: papel do companheiro.

       Estou em período atribulado na eterna briga tempo versus tarefas, mas cada vez que vejo um novo seguidor e palavras motivadoras como a do Will, fico ansioso em escrever. Acho que este assunto é muito aberto e devo voltar a falar mais dele sugerindo alguma dica prática. Tudo que leio, escuto e vejo, quando não consigo enxergar aplicação prática, se torna alvo de um lado meu mais crítico, tornando-me até impulsivo nas palavras, o que normalmente não sou.
        Certa vez, tínhamos um compromisso, um aniversário. Esposa deitada e eu disse: está na hora de nos arrumarmos. Saí do quarto e voltei pra ver reação...ela continuou deitada. Meu primeiro sentimento foi de irritação, a mesma cena mudando apenas o cenário. A vontade era falar "umas verdades", despejar minha frustração porque as "verdades" as vezes são expectativas frustradas que depositamos sobre o outro. Insisti sobre o horário ela respondeu que não estava com vontade de ver ninguém, falar com ninguém, queria ficar em casa. Então, entrou em ação o terapeuta cognitivo. Perguntei: por que você não quer ir? ...resposta: não estou bem, não sei que roupa colocar. Abri o armário e tirei um vestido...."olha como você ficaria bonita nesse?"..."nesse outro também"..."olha esse aqui, você não o coloca faz tempo"...ela disse: não arrumei o cabelo..."mas seu cabelo é só passar a mão, gosto dele assim natural"...ela novamente: não fiz a unha...."ah ! Mas ela arrumadinha, unha de mulher ocupada, passa um brilho"...a conexão foi feita...ela estava pensando e saí do quarto...assim que voltei encontrei outra mulher...vestida (e linda)...passando mão no cabelo...animada e pronta para sair...isso é o que a psicologia chama de terapia cognitiva.
          Esposa depois de uma crise, confessou que ela se sentiu psicologicamente "dominada" quando a segurei pelas duas mãos juntas, como se estivessem algemadas a frente do corpo e mandei-a parar. Então, quando ela começa a extrapolar, faço isso, surte um efeito imediato. Não sei que papel eu assumo nesta hora, talvez de um enfermeiro pronto a colocar uma camisa de força...rs.
           A verdade é que deveríamos apenas ser os esposos, maridos: firmes, assumindo nossas responsabilidades no processo decisório. Já é comum o homem ceder diante da insistência da esposa e depois não assumir sua responsabilidade, atribuir a culpa da má decisão (normalmente financeira) a esposa. Ceder com uma bipolar é bem mais arriscado, porque elas possuem dia do sim e dia do não. Hoje é sim....amanhã é não. Hoje ela quer fazer um curso pra ganhar dinheiro, amanhã depois de pago a matrícula, ela descobre todos os pontos negativos da decisão que você, marido, já sabia, mas preferiu algum momento de paz.
            Minha filha cresceu em período tumultuado da doença, fui exigente como pai e percebo isso com novo filho, o filho do coração. Ele deu uma estressada na esposa, não fui tão rigoroso, esposa e filha logo notaram, consegui não entrar na pilha emocional e fazer como deveria, com mais equilíbrio. Este talvez seja o papel mais difícil do casado com bipolar, ser um pai. Nos preocupamos em cuidar da esposa para que ela fique "bem" e com isso, consigamos garantir um ambiente tranquilo para nós e filho(a). Há um risco nesse processo de adultizarmos o filho para reduzir estresse que afeta esposa.
             As vezes queremos proteger o filho da mãe (sem duplo sentido).Que papel será este?. Mas passamos bastante tempo tentando proteger esposa de tudo. Na verdade acho que estamos nos protegendo e  sem percebermos estamos criando uma relação familiar estranha...nem sei como concluir...rs...então...continuo outra hora.
       

5 comentários:

  1. Amigo
    Eu imagino não ser fácil o seu papel, sendo um paizão para todo mundo.
    Lá vai um conselho de uma futura psicologa e filha de policia. Aquele dia que ela se sentiu dominada, use pouco a tecnica de segurar os braços na frente do corpo, lembre-se bipolar é 8 ou 80 ou tem um medo aterrorizador ou não tem medo nenhum.
    Segundo a terapia comportamental se somos submetidos a mesma situação por um periodo de tempo longo essa situação para de surtir efeito na gente. Exemplo meu pai biologico(policial)sempre me ameaçava, um dia sutei e fui pra cima dele (detalhe ele estava armado e fardado) e se não fosse minha mãe eu não sei qual seria o final dessa historia.
    Meu ex reclamava que não conseguia me segurar quando treinavamos auto defesa, bipolar tem mais força física?
    Então amigo fica a dica só use isso em último caso.
    Beijos
    Ps.: sinto falta dos seus comentarios engraçados no meu blog risos mas estendo que está sem tempo boa sorte

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  2. Vc é um guerreiro por aguentar tudo isso! Eu mesma não me aguento com meu disturbio de humor, fui casada com um depressivo e a tortura foi dupla. Não quero mais isso pra mim, já basta dar conta de mim mesma...

    Beijocas

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  3. Gostei muito do post. Nunca notei essas pequenas coisas, terapias ou não, que funcionam comigo. Sei que asvezes espero por elas e elas não vem, como a do episodio q voce relatou sobre sair.
    Continuo enviando seus posts. Não sei se marido le, mas as coisas aqui tem melhorado.
    Estou finalmente me colocando num clima de natal. A semana vai ser boa :) (espero)
    bjs

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  4. Olá!

    Parabéns pela conquista do equilíbrio. A mais difícil qualidade do ser.

    Beijos

    Carla

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  5. poxa ei queria coseguir as coisa q vc consegue sabia? se meu marido não quer ir eu dou graças á DEus ! estou sendo má não é memso? é que são 5 anos de ser maltratada na frente das pessoas , sempre que agente sai com meu filho ele faz o passeio se tornar uma coisa desagradável e constrangedora , porq acho que ele deve estra em um estagio mais grave da doença porq ele grita conosco nos maltrata principalmente em publico

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