segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Casado com bipolar: mais informação.

Minha esposa é bipolar. Das crises mais contundentes, três foram marcantes. Porque precisou de internação em clínica psquiátrica, porque necessitou de medicamentos pesados que a deixaram inoperante e também pelos sintomas semelhantes à esquizofrenia. Foram surtos psicóticos, que depois de 40 dias de medicamento em alta dose, a fez mergulhar em depressão. Até encontrar o equilíbrio, demora uns 2 meses, se chegar ao ponto que chegou. Não é normal alguém fazer propaganda que é doente, o normal e se fechar. Há muito preconceito, a pessoa é vitimizada (desconfortável quando o doente sai da crise)e o doente não pode dar uma aloprada como qualquer outra pessoa, porque já acham que é crise. Ou seja, o bipolar fora da crise não tem direito a ser normal. Na última crise, esposa foi internada no Natal, passou a ceia sob calmantes, sendo que logo na entrada foi necessário ser amarrada a cama. Nenhuma pessoa que tenha passado por isso faz propaganda. No trabalho só vi pessoas muito espertas querendo aposentadoria, alegando problema psiquiátrico, fora isso, uma pessoa que se coloca como doente mental, não é muito normal. Minha esposa quase se levantou em um jantar, no momento que uma autoridade fez comentário depreciativo usando a frase "maníaco depressivo", que hoje é chamado de bipolar. Precisei segurá-la na cadeira e consegui convencê-la de que as pessoas são assim, que ela mesma se não tivesse a doença faria piada. Em casa fazemos piada, que só tem pirado em nossa casa, cão, empregada, etc. Mas isso é um processo que já dura cerca de 14 anos de auto-conhecimento. Já houve época que ela levantava a língua para eu verificar se ela havia tomado o medicamento. Já se passaram mais de 5 anos sem internação, e eu sempre fui o carrasco da decisão...e é dolorido demais passar por isso. Atualmente ela feliz com tratamento, porque conseguiu encontrar a medicação que a permite "viver" sem passar  dia sonolenta, que não tira dela o desejo de sexo e o prazer ao realizá-lo, que não a engorda os 10 Kg que ganhou no início do tratamento. Quando ela reclama do medicamento que toma diariamente, que as vezes a faz dormir cedo, e usa um possível abandôno do tratamento como retaliação por alguma insatisfação, digo a ela para ficar tranquila, pois não será internada...eu simplesmente saio de cena. Sei que ela é forte e frágil, sei que é vítima, mas também manipuladora. Aliás, todos somos um pouco, e usamos a manipulação com as armas que aprendemos, o problema que o doente mental, a usa de forma mais doentia. Tenho sempre que ser alerta e firme. As vezes me vejo fazendo piadas sobre psiquiátra, e infelizmente, tento me policiar, mas é uma forma social de manifestar nosso preconceito e incompreensão. E eu sou um "doutor" no assunto. É que o ser humano sempre fala do outros, então melhor fazer piada do que falar mal. Pra terminar, esposa as vezes reclama de alguém e diz "fulana é amiga da onça" ... eu digo a ela..."e você é a onça". Só fazendo piada, como uma blogueira chamada Ana, que é bipolar...que está engatiando na doença...mas transformando suas crises em uma comédia...melhor que revistinha em quadrinhos.

13 comentários:

  1. O texto acima foi um comentário feito em outro blog, que achei interessante transcrever por ter informações úteis aos que me acompanham.

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  2. Eu sei que se minha mãe não tivesse ficado doente quando eu tinha 6 anos +- (sindrome do panico) e eu não tivesse convivido a minha vida toda com a doença dela (que deve ser bipolar, so não foi diagnosticada assim ate hoje oficialmente) eu talvez tivesse tido outro comportamento. Tenho sorte, muita sorte. Sei que sou o resultado de um ideal de criação, de educação, que faz muita diferença em como eu encaro tudo. Ate estar doente. Não e perfeito, de modo que não consigo quebrar o ciclo vicioso que me mantem estagnada. Mas não acho graça ter doença nenhuma, faço piada, brinco, acho melhpor assim. Mas não acho que seja moeda nem nas brigas mais serias. Pra mim é um fardo, meu, que tenho que lidar pra viver como todo mundo. Cada um tem o seu. Mas não largo o tratamento por ninguem. Alias, e por ter alguem, hoje, que eu faço mais e mais questão de ficar nele, crise vai, crise vem. Mas as pessoas que amam continuam aqui. EU continuo aqui.

    Passa o link da Ana... :)

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  3. É Ana Bárbara...a rainha do gatos e da cheiroterapia...vc entra no blog dela.

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  4. Acabei de aprovar seus cinco comentários lá no meu post! Acho que pelo jeito gostou do tema abordado... rs

    Bjks

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  5. Hehehe é, não tinha me tocado que era ESSa Ana, hehehe de fato, gosto do blog dela tambem, tem u jeito divertido de ver e falar das coisas.

    Tenho enviado os post (ultimos) pro meu esposo, mas ele ainda não comentou nada. Sei que ele vai ler, mas não sei se ja o fes, mas nosso ultimos dias foram meio cheios. Quando conversarmos a respeito te conto ;)
    Mas pra mim, ler o outro lado de um jeito que ele, ate por viver comigo, nunca conseguiu expor, tem sido no minimo educativo.

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  6. O preconceito é realmente um grande problema.
    Além de todas as dificuldades que envolvem a doença e o tratamento, ainda temos que lidar com essa ignorância.
    Mas, não podemos desistir, temos que seguir o caminho das pedras...

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  7. É... talvez o bom humor seja a saída, afinal.

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  8. e eu tô indo dormir, acabei não lendo, afinal tô sem saco pra tudo... hahahaha... perdão...
    estou bem, só doente ainda, mas o resto está tranquilo. obrigada por perguntar!
    bjo e boa noite!

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  9. Oi, desculpe a demora em responder, nao estava entrando no blog, meu marido tem me ajudado bastante, tem sido compreensivo, mas já passamos por várias crises e hj sei que tem a ver com a bipolaridade, mas é fundamental a compreensao do parceiro, que ele busque conhecimento a respeito do assunto, para saber diferenciar as fases que o conjuge se encontra e poder ajudá-lo, acredito que com muito diálogo e sinceridade pode-se ter uma relaçao estável, apesar da doença.. obrigada pela força..

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  10. Ler seus posts me faz pensar um pouco na seguinte questão: "Será que é assim que meu marido se sente?"
    Vc levantou uma questão a mais na minha cabeça já tão inquienta, mas isso é bom, me fez abrir os olhos e repensar muita coisa!

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  11. Parabéns pelo artigo Pai. Eu tenho adorado seus textos! Estão muito bons! Observo seus comentários nos outros blogs também, e, está de parabéns pela dedicação com os bipolares mundo afora. Desejo a ti e vossa família boas festas, combinado? Abração, Will

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  12. Vejo que tem tempo sem escrever, desejo se encontre bem e agradecer por ter escrito esse blog aqui. Cheguei aqui depois de colocar no google *casada com bipolar* ....obrigada suas palavras, seu dia a dia me deu a força que tava caindo (na verdade todos os dias minhas forças caem e levantam, vivo numa montanha rusa ha oito anos e por mais que o amor seja forte e grande, levantar cada dia sem ter a minima previssao de quando todo mudara as vesses é difícil...como você falo num post... " eu também tenho direito de morder o calcanhar" como seu poodle... obrigada. Deus abençoe você

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  13. Tenho uma esposa bipolar, não sei mais o que fazer, nada está bom....E quando da algo errado, sempre sou culpado.

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