quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Palavras que não se deve usar com o Pinto

     Depois da experiência do post anterior, fiquei mais atento com as palavras a serem usadas com o Pinto. Fiquei imaginando situações que devem ser evitadas.
      Cumprimentando o Pinto: " Graaande Pinto!"
      Torcendo para o Pinto em uma corrida: "Vai Pinto....vai Pinto...mais rápido!!"
      Brigando com o Pinto dentro de uma sala: "Pinto, pra fora!"
      Usando ditado popular: "Pinto, o que vem de baixo não me atinge"
      Recomendando-o como médico para outra pessoa: "O Pinto é muito bom!"
      Procurando-o na seção de saúde: "Alguém viu o Pinto hoje?"
      Dividindo despesa: "Pinto está duro"
      Pinto doente: "Posso ver o Pinto?"
      Advertindo os servidores (quase se aposentando) para a inspeção médica: "Cuidado com o Pinto"
      Pinto na ordem uinda: "Pinto, apresentar arma!!!!"
      Sem paciência com ele: "Que saco Pinto!"
      Palestra do médico para as servidoras civis: "Se alguém ainda tiver dúvida, o Pinto está disponível"
      Sugerindo visita médica: "Se alguém passar mal, é só passar no Pinto"
      Ele é alto: "Pinto, quando entrar cuidado com a cabeça"
      As possibilidades são grandes de qualquer palavra mal colocada, agora tenho que tomar cuidado com o Pinto na boca. Cerca de um mês atrás ele aposentou um servidor civil que não queria aposentar, mas estava com doença incompatível para permanecer na ativa. Isto gerou uma polêmica que foi para dentro da sala do comandante. A polêmica dividiu três servidoras civis e uma tenente: duas contra e duas a favor do servidor. Elas levaram a discussão para o lado pessoal e eu estava na sala do comandante quando elas começaram a bater boca do lado de fora. O Pinto abriu a porta e contou o que estava acontecendo. Eu disse ao comandante, tem quatro mulheres lá fora brigando por causa do Pinto (o trocadilho foi proposital). Reunimos todos para acabar a polêmica e no meio da conversa uma delas elogiou o tenente Pinto, incluindo entre os elogios que ele era um médico jovem, bonito, que não estava querendo prejudicar. E a partir daí outra confirmou, verdade ele é um  tenente bonito, um bom garoto. A outra completou que realmente que ninguém pode negar que ele é um jovem bonito. Então o comandante baixou a cabeça ... como quem está sem tempo ... querendo objetividade na reunião e disse rindo...ai meu Deus...eu cansado tentando resolver esta questão da aposentadoria do Fulano e ainda tennho que escutar de vocês como acham lindo o Pinto.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pinto faz parar de fumar

     Aqui na caserna, nos conhecemos pelo nome de guerra. Uma senhora servidora civil está tentando parar de fumar e nosso médico se chama Pinto. Eu entrei na sala dela e não tinha cheiro de cigarro. Espontaneamente disse brincando (com sala cheia): Dona Fulana, a senhora parou de fumar? Deve ser porque o Pinto não sai de cima da senhora heim?... Ela abaixou a cabeça e fez de conta que não escutou e eu fiquei mudo e saí da sala pra rir do lado de fora, o trocadilho não foi proposital...mas ja era tarde.

Mulheres reunidas

     Em uma reunião de mulheres aconteceu o seguinte diálogo entre duas enquanto as demais escutavam atentamente (fato verídico).
Casada 1: A fulana deixou o marido sozinho aqui, para administrar os negócios da família em Resende. Fica mais tempo fora do que aqui.
Casada 2: Pois é ... e ainda deixou uma empregada dentro de casa ... com ele sozinho ... tá pedindo!
Casada 1: Isso que eu ia te dizer ... ela é maluca! E a empregada ainda é do Piauí!!!! Não sabe o risco ...
Casada 2: Opa!!! Eu sou do Piauí !!!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lealdade versus Confiança

     A cerca de seis meses meu comandante ligou (eu estava realizando curso no Rio) me cobrando esclarecimento sobre procedimento que estava sendo adotado no recebimento de pagamento de fornecedor. Antes de viajar eu havia modificado o processo de recebimento e pagamento, depois de polêmico problema ocorrido. Meu comandante, também amigo, foi bem objetivo, isento e poderia dizer, desconfiado. Fiquei inicialmente embaraçado, depois me senti auditado, respondi com segurança e sempre resolvo assuntos delicados com testemunhas (e eu tinha cerca de seis que confirmaram tudo que havia sido dito por mim no telefone). Naquela ocasião, as duas pessoas que deveriam ter implementado as ordens deixadas, uma entrou em licença médica dois dias depois, o outro entrou em férias, e ambos não repassram a ninguém, e ao retornarem de seus afastamentos assumiram outras funções. Ou seja, o problema inicialmente descoberto, continuou ocorrendo dando a impressão de o fornecedor estava sendo beneficiado, apesar do assunto ter sido levado ao meu conhecimento. Durante uma semana eu não fiquei bem, sofrer desconfiança quanto ao trato com a coisa pública foi péssimo. Inclusive porque é algo que me causa indignidade e respostas enérgicas, funcionalmente e pessoalmente. Mas este sentimento foi abrandando e foi substituído pelo respeito que tenho na coerência e completa transparência da gestão do meu comandante, e pela confiança demonstrada várias vezes após este evento.
      Hoje fui surpreendido novamente, sendo questionado em minha honestidade, mas por subordinado. Em uma das várias licitações, o pregoeiro desclassificou um fornecedor. Notoriamente gosto do cara, considero um fornecedor honesto, parceiro ... e não escondo. O cara foi desclassificado e fiquei a margem do processo licitatório propositalmente em virtude disso. Mas diante de uma possível injustiça com o fornecedor (que me ligou ontem indignado e viajou a noite toda para tratar do assunto pessoalmente aqui, esta manhã) convoquei uma reunião com a pregoeira, com outro colega especialista em licitação e um técnico no objeto licitado, para entender a decisão tomada. Antes de iniciar minha fala, a pregoeira (minha subordinada direta) já adiantou que no pregão ela que manda, não ia cumprir ordem ilegal e perguntou o motivo de tanto interesse meu. Foi uma conversa desagradável, mas necessária. Mesmo no final, com os ânimos tranquilos, com a confiança mútua reconstituída, ela ainda de forma quase amável me perguntou...o Sr está ganhando alguma coisa dele? ... Eu respondi sem força ... não ...rs. Putz...nunca imaginei esta situação. Como resolução, fui receber o fornecedor junto com uma testemunha, disse a ele que não ligasse quando estivesse participando em pregão e outras coisas. Depois fiquei triste por ter sofrido desconfiança e feliz porque a tenente disse na minha cara o que pensava. Já que o normal seria falar pelas costas. Ainda estou me recompondo e percebo que a confiança ameaçada exige a lealdade para que a primeira possa sobreviver. É doloroso, mas é necessário.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tarefas ou pessoas?

        Dois finais de semanas atrás, manhã de sábado, saí de casa com uma lista de tarefas a serem cumpridas antes que comércio fechasse. A última seria pegar o almoço (marmita) até 12:30 h, pois haviam outros compromissos no início da tarde. No meio das tarefas já listadas a esposa ligando inserindo outras, aproveitando onde eu me localizava.
      Eu estava na calçada, andando apressado ao estacionamento pago onde deixara o carro. Um cara, carregando material que não lembro (parecia vendedor ambulante) abordou um senhora a frente pedindo algo. Tentei desbordar para também não ser parado, mas não consegui. Olhar cansado e de fome, pediu um trocado para comer. Eu tinha dois reais, exatamente o necessário para pagar o estacionamento. O impasse foi rápido, minha cabeça pensou rápido: atrasado ...  pagar estacionamento ... só tenho 2 reais ... terei que ir ao banco ... pegar almoço ainda. Minha resposta foi ... "não tenho" (considerando que os 2 reais já estavam empenhados). Respondi curto e evitei fitar os olhos dele novamente, saindo rapidamente daquela situação.
        Após cumprir tudo e chegar em casa, ao invés da sensação de uma manhã produtiva e de satisfação em conseguir cumprir todas as minhas missões, fui invadido por um sentimento de uma manhã perdida. O rosto daquele homem não saía da minha mente. Se tivesse pensado um pouco mais lembraria de usar o cartão de débito para pagar um lanche, seriam uns 15 minutos que não comprometeriam minhas missões. E mesmo que as comprometessem, ele seria mais importante que minhas tarefas. Na se trata de apenas um arrependimento por não ter alimentado aquele homem, mas considerando que "atitude" é uma reação pré-estabelecida para situações já vividas, um comportamento aprendido, isto me fez mergulhar dentro de mim. Quem sou eu? As tarefas são um meio de atender à pessoas ou são um fim em si mesmas? Passamos horas cumprindo metas, buscando produtividade, tudo para pretarmos um bom serviço...serviço a quem?
       Na mesma semana assisti um servidor aposentado estressado com nosso pessoal, quase entrando na justiça, precisando que comandante pessoalmente se engajasse e reunisse todos em sua sala. Depois de esclarecido o desentendimento percebi que os funcionários da ativa, responsáveis, agiram como escravos de suas tarefas burocráticas, sem empatia por aquele senhor que não entendia a situação e cuja angústia era legítima. Aliás, o posicionamento de todos se amparava pela legitimidade. Um pouco mais de tempo de conversa, de servidão em atender a necessidade daquele homem teriam sido suficientes. Ao invés de um desagradável impasse na sala do comandante, seria melhor um aposentado sem angústias e sem a sensação de descaso e prejuízo, bem como funcionários da ativa felizes por ter cumprido sua missão mais nobre no meio de tantas tarefas, anteder a necessidade daquele homem. E consequentemente, satisfazer também a própria necessidade, estabelecer relações humanas dignas, prazerosas, sentir-se parte de algo muito maior do que digitar ofícios e mapas.
       O prazer de cumprir tarefas com eficiência, de uma casa super arrumada, de concluir mais uma pós, é migalha diante do prazer de alimentar a fome de outra pessoa, de ver filho feliz com brinquedos espalhados pela casa, de aprovitar o tempo abraçado a quem se ama. É melhor a lembrança de um olhar sorrindo do que um olhar de fome.
       Domingo passado eu fui comprar uma pizza. No sinal um cara veio pedir dinheiro...rs...eu realmente não tinha nada e sei que se desse dinheiro provavelmente seria para drogas ou bebida. Mas ao responder que não tinha nada ele retrucou, se puder comprar um algo para comer eu aceito. Enquanto esperei a pizza ficar pronta, comprei um lanche ao lado, com cartão de débito. Voltei ao sinal, parei o carro e desci. Dei o lanche e conversei rapidamente e abençoei-o. O que fiz a ele não foi nada, foi apenas um lanche, a obra maior foi em mim mesmo. Mai do que alimento, espero que ele continue a ter fé e esperanças ... e que eu  .... também.