quinta-feira, 28 de julho de 2011

Exercitando a fé

         Quando mais novo exercitava com frequência a fé. No momento não sei me classificar, mas há marcas que me chamam de volta. Exercitava a fé nas pequenas coisas: ao perder uma chave, quando perdido em algum lugar e na ansiedade de decisões irrelevantes. Talvez nesta esfera chamada "espiritual" nem exista diferença entre fé para pequenas ou grandes situações.
         Dois dias atrás precisei exercitar a fé novamente, diante da alteração de humor da esposa, em que ela ficou com um pé na loucura e outro na razão. Na verdade acho que nem tinha pé mais na razão. Cheguei em casa, depois de um dia calmo, consegui ficar sereno no meio do transtorno que esposa tinha promovido. Tomei um banho, no qual fiquei ganhando tempo sob a água quente, pensando em como encarar  a "realidade" que eu sublimava na mente. Reuni todos na sala e consegui fazer a fera deitar a cabeça no meu colo.  Então eu disse:  ... "não sei mais o que fazer a não ser orar ... vamos orar". Depois lemos uma história bíblica em linguagem infantil. Um sentimento de serenidade me dominou desde o momento que entrei em casa, apesar do turbilhão de idéias que passavam pela mente, as quais consegui organizar e fazer o que fiz. O resultado foi o mesmo de quando eu vivia mais pela fé ... fui atendido ... humor da esposa se acalmou como quando o Cristo acalmou uma tempestade dando ordem ao vento. Mas antes mesmo da resposta atendida, a fé já tinha feito seu trabalho em mim, pois eu já estava em estado de espírito como se aquilo não estivesse acontecendo. Não vou contar os detalhes porque aparentaria ser ela uma esposa e uma mãe cruel, e isto não é verdade. Na verdade, devido ao transtorno bipolar, ela funciona como duas pessoas distintas e entre uma e outra surge eventualmente uma menina assustada. Não importava o resultado daquela oração, não me senti sozinho e estava em paz para qualquer desfecho. Acho que eu precisava tanto quanto ela daquela oração.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O direito de transgredir

        Um post esta semana me despertou a vontade de escrever. Não lembro mais sobre o quê ... são tantas idéias que passam pela mente...ou fatos que poderia compartilhar ... mas o tempo é pouco e a preguiça muito maior e os assuntos vão ficando apenas na minha mente.
        Sou fixado na questão do "exemplo arrasta" e me cobro muito e isto recai sobre família. Ano passado esposa estava internada após uma cirurgia de desvio de sépto nasal, faltava apenas o médico passar e dar alta (ela ansisosa para isso). Filha estava lá também aguardando (o filho do coração ainda não estava conosco), todos cansados e com fome (menos esposa que estava era com dor). Eram cerca de 19 horas e recebi ligação de colega ao qual sou subordinado...uma subordinação funcional, mas estamos no mesmo nível hierárquico...ele se formou um ano antes de mim. É um cara correto...ma flexiblidade zero...quando vou argumentar algo com ele, me sinto conversando com uma parede...e as vezes evito porque acho que não consigo esconder minha irritação. É difícil distinguir limitação de raciocínio com preguiça, e pior quando acompanhada de insensibilidade. A empatia é algo imprescindível para ser líder e a empatia deve ter duas mãos...do chefe para o subordinado e vice-versa.
           Na ligação este meu companheiro, sabendo que eu estava com esposa no hospital, deu-me a ordem para resolver uma ocorrência envolvendo a PM e um major da reserva (aposentado). O major estava embriagado e se recusava a ser conduzido por policiais militares de hierarquias inferior. Como aqui é uma cidade pequena, não tinha. Então fui acionado, pois meu superior tinha um compromisso oficial, no qual estaria representando o comandante. Como ele não "poderia" ir julgou que eu "poderia". Eu perguntei a ele..."Você entende que estou com esposa no pós cirúrgico, com dor, e esperando médico dar alta e que esta ocorrência poderá demorar muito?". Ele entendeu respondeu que sim ...eu fiquei mudo e esposa percebeu meu conflito: dever versus família. Jamais um superior meu havia chegado àquele ponto e eu jamais faria aquilo. Eu não estava acreditando e depois fiquei pensando como é perigoso quando se faz um homem questionar valores que jamais questionaria. Esposa disse..."vai". Eu saí do quarto me sentindo culpado por decidir cumprir a ordem, mas fui pelo corredor do hospital pensando..."Vou chegar lá, este major não vai querer entrar na viatura da PM e eu vou enfiar ele na viatura na porrada...os PM vão ter outra ocorrência." Então lembrei do médico...que também era mais antigo que o tal major...encontrei a solução. Liguei para ele e contei a situação...pedi que fosse no meu lugar e ele prontamente aceitou. E acrescentei..."faz um favor para mim, diga para o fulano que você me substituiu, pois eu não quero nem escutar a voz dele no momento".
            Mas a história principal não é esta. este foi apenas uma mostra de como penso sobre transgredir ou não cumprir regras. Hoje fui padaria e comprei alguns quitutes para o café. Como me atrasei, nãop conseguir tomar café e então decidi que voltaria durante o expediente para tomar café com família. Iniciei expediente as 7 da manhã, trabalhei até as 8 e pedi para ir em casa (não disse o motivo) e fiz me dei ao direito de uma pequena transgressão...sair durante o expediente para curtir café com família. Não foi nada imoral, mas para o padrão da caserna, esbarra em agumas arestas de correção de atitudes. Cheguei e esposa estava arrumando mesa. Filho estava acordado e escovei dente dele e o arrumei para o café. Filha ainda estava dormindo e a acordei dizendo "amo você...quer tomar café comigo?" ...ela demorou a se mexer e então carinhosamente exercitei meu lado exigente falando brandamente no ouvido dela ... "tenho que voltar para o trabalho, não vou poder demorar" ... ela se levantou prontamente sem reclamar. Eu estranhei isto e acho que ela meu jeito exigente light.
           Foi muito bom! Foi como dizer a minha família... "Vocês são mais importantes a ponto de eu contrariar algo que sigo rigorosamente, para estar com vocês". Quando voltava ao trabalho...pensei que se um dia fosse comandante daria a seguinte ordem..."Uma vez por semana cada um pode cometer uma transgressão desta"...uma por semana é muito né?.... uma vez por mês fica melhor ... em alguns casos específicos até mais, para não ser muito cartesiano.