Um post esta semana me despertou a vontade de escrever. Não lembro mais sobre o quê ... são tantas idéias que passam pela mente...ou fatos que poderia compartilhar ... mas o tempo é pouco e a preguiça muito maior e os assuntos vão ficando apenas na minha mente.
Sou fixado na questão do "exemplo arrasta" e me cobro muito e isto recai sobre família. Ano passado esposa estava internada após uma cirurgia de desvio de sépto nasal, faltava apenas o médico passar e dar alta (ela ansisosa para isso). Filha estava lá também aguardando (o filho do coração ainda não estava conosco), todos cansados e com fome (menos esposa que estava era com dor). Eram cerca de 19 horas e recebi ligação de colega ao qual sou subordinado...uma subordinação funcional, mas estamos no mesmo nível hierárquico...ele se formou um ano antes de mim. É um cara correto...ma flexiblidade zero...quando vou argumentar algo com ele, me sinto conversando com uma parede...e as vezes evito porque acho que não consigo esconder minha irritação. É difícil distinguir limitação de raciocínio com preguiça, e pior quando acompanhada de insensibilidade. A empatia é algo imprescindível para ser líder e a empatia deve ter duas mãos...do chefe para o subordinado e vice-versa.
Na ligação este meu companheiro, sabendo que eu estava com esposa no hospital, deu-me a ordem para resolver uma ocorrência envolvendo a PM e um major da reserva (aposentado). O major estava embriagado e se recusava a ser conduzido por policiais militares de hierarquias inferior. Como aqui é uma cidade pequena, não tinha. Então fui acionado, pois meu superior tinha um compromisso oficial, no qual estaria representando o comandante. Como ele não "poderia" ir julgou que eu "poderia". Eu perguntei a ele..."Você entende que estou com esposa no pós cirúrgico, com dor, e esperando médico dar alta e que esta ocorrência poderá demorar muito?". Ele entendeu respondeu que sim ...eu fiquei mudo e esposa percebeu meu conflito: dever versus família. Jamais um superior meu havia chegado àquele ponto e eu jamais faria aquilo. Eu não estava acreditando e depois fiquei pensando como é perigoso quando se faz um homem questionar valores que jamais questionaria. Esposa disse..."vai". Eu saí do quarto me sentindo culpado por decidir cumprir a ordem, mas fui pelo corredor do hospital pensando..."Vou chegar lá, este major não vai querer entrar na viatura da PM e eu vou enfiar ele na viatura na porrada...os PM vão ter outra ocorrência." Então lembrei do médico...que também era mais antigo que o tal major...encontrei a solução. Liguei para ele e contei a situação...pedi que fosse no meu lugar e ele prontamente aceitou. E acrescentei..."faz um favor para mim, diga para o fulano que você me substituiu, pois eu não quero nem escutar a voz dele no momento".
Mas a história principal não é esta. este foi apenas uma mostra de como penso sobre transgredir ou não cumprir regras. Hoje fui padaria e comprei alguns quitutes para o café. Como me atrasei, nãop conseguir tomar café e então decidi que voltaria durante o expediente para tomar café com família. Iniciei expediente as 7 da manhã, trabalhei até as 8 e pedi para ir em casa (não disse o motivo) e fiz me dei ao direito de uma pequena transgressão...sair durante o expediente para curtir café com família. Não foi nada imoral, mas para o padrão da caserna, esbarra em agumas arestas de correção de atitudes. Cheguei e esposa estava arrumando mesa. Filho estava acordado e escovei dente dele e o arrumei para o café. Filha ainda estava dormindo e a acordei dizendo "amo você...quer tomar café comigo?" ...ela demorou a se mexer e então carinhosamente exercitei meu lado exigente falando brandamente no ouvido dela ... "tenho que voltar para o trabalho, não vou poder demorar" ... ela se levantou prontamente sem reclamar. Eu estranhei isto e acho que ela meu jeito exigente light.
Foi muito bom! Foi como dizer a minha família... "Vocês são mais importantes a ponto de eu contrariar algo que sigo rigorosamente, para estar com vocês". Quando voltava ao trabalho...pensei que se um dia fosse comandante daria a seguinte ordem..."Uma vez por semana cada um pode cometer uma transgressão desta"...uma por semana é muito né?.... uma vez por mês fica melhor ... em alguns casos específicos até mais, para não ser muito cartesiano.