terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lealdade versus Confiança

     A cerca de seis meses meu comandante ligou (eu estava realizando curso no Rio) me cobrando esclarecimento sobre procedimento que estava sendo adotado no recebimento de pagamento de fornecedor. Antes de viajar eu havia modificado o processo de recebimento e pagamento, depois de polêmico problema ocorrido. Meu comandante, também amigo, foi bem objetivo, isento e poderia dizer, desconfiado. Fiquei inicialmente embaraçado, depois me senti auditado, respondi com segurança e sempre resolvo assuntos delicados com testemunhas (e eu tinha cerca de seis que confirmaram tudo que havia sido dito por mim no telefone). Naquela ocasião, as duas pessoas que deveriam ter implementado as ordens deixadas, uma entrou em licença médica dois dias depois, o outro entrou em férias, e ambos não repassram a ninguém, e ao retornarem de seus afastamentos assumiram outras funções. Ou seja, o problema inicialmente descoberto, continuou ocorrendo dando a impressão de o fornecedor estava sendo beneficiado, apesar do assunto ter sido levado ao meu conhecimento. Durante uma semana eu não fiquei bem, sofrer desconfiança quanto ao trato com a coisa pública foi péssimo. Inclusive porque é algo que me causa indignidade e respostas enérgicas, funcionalmente e pessoalmente. Mas este sentimento foi abrandando e foi substituído pelo respeito que tenho na coerência e completa transparência da gestão do meu comandante, e pela confiança demonstrada várias vezes após este evento.
      Hoje fui surpreendido novamente, sendo questionado em minha honestidade, mas por subordinado. Em uma das várias licitações, o pregoeiro desclassificou um fornecedor. Notoriamente gosto do cara, considero um fornecedor honesto, parceiro ... e não escondo. O cara foi desclassificado e fiquei a margem do processo licitatório propositalmente em virtude disso. Mas diante de uma possível injustiça com o fornecedor (que me ligou ontem indignado e viajou a noite toda para tratar do assunto pessoalmente aqui, esta manhã) convoquei uma reunião com a pregoeira, com outro colega especialista em licitação e um técnico no objeto licitado, para entender a decisão tomada. Antes de iniciar minha fala, a pregoeira (minha subordinada direta) já adiantou que no pregão ela que manda, não ia cumprir ordem ilegal e perguntou o motivo de tanto interesse meu. Foi uma conversa desagradável, mas necessária. Mesmo no final, com os ânimos tranquilos, com a confiança mútua reconstituída, ela ainda de forma quase amável me perguntou...o Sr está ganhando alguma coisa dele? ... Eu respondi sem força ... não ...rs. Putz...nunca imaginei esta situação. Como resolução, fui receber o fornecedor junto com uma testemunha, disse a ele que não ligasse quando estivesse participando em pregão e outras coisas. Depois fiquei triste por ter sofrido desconfiança e feliz porque a tenente disse na minha cara o que pensava. Já que o normal seria falar pelas costas. Ainda estou me recompondo e percebo que a confiança ameaçada exige a lealdade para que a primeira possa sobreviver. É doloroso, mas é necessário.

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