quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Que fonte queremos ser?

        Segunda foi um dia estressante, mas ontem ... foi sem classificação. Fui destratado por subordinado na frente de outras pessoas, inesperadamente, e logo por um pelo qual tenho alta estima. Saí calado e depois de pensar em como tratar o assunto, reuni todos presentes na situação. Optei por não tratar do assunto pelo regulamento, falei sobre o que me motiva ... as pessoas ... e abordei sobre o prazer de estar aqui no trabalho que me foi roubado pelo tenente...que estava presente. Falei sobre a vergonha, por isso aquela reunião, para que eu pudesse encará-las novamente. Minha autoridade foi irrelevante, fui atingido como pessoa. Aquela reunião era para encerrar o assunto, pois eu não ia levar aquela tristeza para casa, nem remoer o assunto. O resultado foi o esperado...manifestação de apoio dos sargentos presentes e o tenente saiu arrasado (e não era esta a intenção)...mas para crescimento dele e aprendizagem não tinha como fugir a este processo.
         O fato aconteceu pela manhã. Filha percebeu no almoço meu estado. Na hora de voltar ao trabalho, abracei esposa forte, buscando sentido para meu dia. Adoro o que faço, mas saio de casa ansioso por voltar. Nada do que faço é relevante diante do que eu poderia fazer em relação aos mendigos nas ruas, velhinhos vendendo doce em semáforo à noite e debaixo de chuva (já vi isso em Niterói). Todo meu trabalho aqui e as regras que sigo só ganham valor pelas pessoas com as quais convivo. Nenhum soldado luta por ideais ou arrisca sua vida para que os objetivos estratégicos sejam coquistados. O que dá sentido à luta é o companheiro ao lado, com o qual corremos os riscos juntos. As regras são importantes apenas para manter a saúde coletiva, para conciliar ou mediar conflitos pessoais. Exigir e cobrar resultado de pessoas apenas tem sentido, pelo em respeito à maioria que cumpre suas obrigações. Punir só tem valor quando servir de aprendizagem ao punido e à coletividade, marcando claramente o que é errado. Tudo que fazemos...produzimos...administramos...só tem valor quando motivamos subordinados, servimos ao colega de trabalho que depende de nós. Existem problemas tão relevantes envolvendo pessoas nas proximidades das ruas que moramos...envolvendo a faxineira que trabalha em nossa casa. Ficamos tão envolvidos em "produzir" e nos tornamos presa fácil de armadilhas sutis da vida. Quando senti minha alegria de trabalhar roubada pela atitude do tenente, percebi que sou motivado por pessoas. E que tendemos a não focar nossa energia nisso. Por vezes negligenciamos os mais próximos dos próximos, a família.
        O tenente me procurou ao iniciar este dia. Dormiu mal e demonstrou arrependimento. E arrependimento requer reparação. Ele demonstrou que sua punição seria uma forma de reparar. Esclareci que já me sentia reparado e que ninguém é produto acabado. Caso o problema tivesse se tornado público, a notícia tivesse se espalhado, teria que tratar de outra maneira. Mas os próprios sargentos presentes, sabiamente fecharam o cerco para que isto não acontecesse.
       Ao acordar, antes de pensar no que temos para fazer, deveríamos pensar em quem nos seremos naquele dia e por quem vamos fazer cumprir nosso dever diário. As pessoas são fonte de grandes tristezas, mas são a fonte de nossas maiores alegrias. Que tipo fonte queremos ser?
     

3 comentários:

  1. Quando a pessoa reconhece o erro fica sempre muito mais fácil passar uma borracha em tudo.

    O chato é quando a pessoa te agride de graça e ainda se enche de razão.

    Beijocas

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  2. gostei do seu jeito de escrever.. não tem como seguir seu blog? abs

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