segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Um abraço vale uma vida

    Semana passada eu deixei um comentário no blog da Dama de Cinzas, sobre pontos fortes e fracos, respondi o seguinte:
Dos pontos fortes e fracos, existe um que parece abafar todos os demais, uma dificuldade de comunicação com filha de 15 anos. A sensação de que não sei o que fazer. O ponto forte é que esta sensação de incapacidade sempre me leva a fazer muitas e solitárias perguntas a Deus.
    No sábado, filha acordou mal humorada, e me irritou com um comentário em nosso "Bom dia!". Passamos tarde no shopping e lá fez outro comentário desagradável, ciumes do irmão. Eu transpareço bem quando algo me desagrada, e se não fosse filha, descartaria a companhia dela naquele dia. Fiquei incomodado com este sentimento de desprazer pela companhia da filha ... até que filha ... direta ... perguntou no final da tarde ..."Que cara é esta?" ... e a resposta foi direta ... "Seus comentários desagradáveis, a começar pelo primeiro do dia.".
    Na livraria passei a vista na capa de um livro que trata sobre como ser tão bom líder em casa como no trabalho. Parecia recado Divino. Logo atrás filha e esposa viram o livro, filha cautelosamente apenas apontou para a mãe e eu como quem não via, fiquei rindo ... o suficiente para filha comentar ... "Ele está rindo, ele viu o livro".
   Nossa relação tem sido uma mescla de hostilidades e carinho faz um tempo. Nossa comunicação é recheada de piadinhas irritantes e provocações, somos iguais nisso. Sou debochado e ela apimenta um pouco o estilo. Na mesma noite daquele dia, tentei uma investida, uma tentativa de conversa que foi interrompida por uma ligação do trabalho, mais um garoto (soldado) que sofreu acidente de moto (não corre risco de morte). Fiquei na sala depois enquanto ela conversava com amiga pelo msn ... a mãe dormindo ... eu e filha somos "da noite". Por volta de 23 horas filha sentou no sofá grande da sala e então deitei no colo dela e começamos a conversar ... foi uma conversa franca ... sem animosidades ... senti como quem encontra a ponta da fita durex. No final da conversa, fomos deitar. Eu já estava cochilando e ela apareceu no quarto e pediu para abrir um espaço para ela deitar. Empurrei a mãe...fiquei no meio, de lado, e ela deitou. Quando ela faz isso sempre deita ao lado da mãe e isso já foi um sinal de que meu ibope subiu. Mas não foi só isso, ela me abraçou por trás ... então me voltei para o teto e coloquei a cabeça dela no meu peito. Ela dormiu assim e aquele abraço valeu toda minha existência. Quando ela firmou no sono, a conduzi para a cama dela.
   Devido doença da esposa, bipolar, estabeleci uma dinâmica estressante na relação com filha, tentando minimizar o estresse da esposa, que desencadeava momentos familiares desagradáveis. Ao mesmo tempo sendo exigente com filha por este motivo, também o fui para torná-la menos suscetível a frustrações, pensando em criar condições de uma personalidade mais forte, medo dela desencadear a bipolaridade que é hereditária. A sensação é de que tantando protegê-la da doença caí em outra armadilha, e tornei as coisas mais difíceis para ela. Isto pode ser bom...mas o receio de ter e errado na mão me rodeia, mas acho que estou reencontrando o caminho novamente, como disse, a ponta do durex. E é nítido que estamos criando nosso filho adotivo com menos exigências, menos estresse, e filha percebe e compara o tempo todo. Mas estamos vivendo outro momento, em que esposa está melhor ... com oscilações de humor não tão desastrosas. E eu também lidando melhor com isso. Além do primeiro filho sempre ser um laboratório de erros e acertos. A despeito de qualquer análise racional, eu precisava daquela abraço.
    

4 comentários:

  1. Bom, ainda nao tenho filhos. Mas meu olhar como filha, é que muitas vezes somos muito parecidos com nossos pai e na adolescencia tentamos fazer exatamente o contrario, ser diferente, ser desagradavel, depois passa, amadurecemos e aceitamos essa condição herdada, aceitamos o amor e o carinho. Existe exceção, existe e a gente sabe disso, mas pelo que vejo vc deixa as coisas se conduzirem naturalmente e logo logo ela cede... e ser mais exigente com um filho, sim eu acredito que o torna mais forte, com uma boa personalidade e mais preparado pra vida...

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  2. As vezes quando leio relatos como esse seu me dá uma certa alegria interna por morar sozinha. Não que a vida em família seja ruim, mas esses momentos de desentendimento é algo que quem mora só realmente não tem. A gente fecha a porta e tudo está resolvido.

    Enfim, cada um com a sua história de vida.

    Beijocas

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  3. Eu tambem tenho filhos um casal e um tem ciumes do outro,não se preocupe....rs eu já acho natural só cuidado pra não dar mais atenção para o filho e esquecer ela ...as vezes fazemos sem perceber,mas eles percebem,aí é um desconforto total uma cobrança...rs experiencia propria.bjus

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  4. Eu só tenho um filho,então não sei o que é passar por essas coisas.Deve ser complicado mesmo,ter sempre que agir com cuidado para não machucar ninguém.

    Beijos.

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